sábado, 7 de julho de 2007

3X4

Há dois anos Ilziane exerce a profissão.
Atualmente faz pós-graduação (MBA) em gestão de pessoas.


Onde está o erro?


Violência gratuita. Educação. Adolescência. Classe média. A convergência destes assuntos dominou os noticiários brasileiros na última semana. Isso por conta da “gangue” que agrediu, covardemente, uma emprega-doméstica, no Rio de Janeiro. Para discutir o tema, a coluna conversou com a psicóloga, Ilziane Scarpeta Gil, de 23 anos. Ela é casada - tem uma filha de um ano e seis meses - chamada Raissa, que segundo a terapeuta “dá um pouquinho de trabalho.”



ZC – Onde os pais estão errando?
IS – Eu acho que erro inicia desde quando o filho é criança. Nossos futuros adolescentes precisam de limites. Faço uma pergunta: onde eles vão encontrar esses limites? Na escola? Acredito que não. É em casa! Na verdade, eles devem encarar o mundo - “lá fora” -, amparados na cultura que recebem diariamente dentro de seus lares. Mas, infelizmente, não é isso o que acontece na prática. A correria do dia-a-dia, aliada ao trabalho excessivo dos pais, contribui diretamente na desinformação e no desinteresse. Hoje, os chefes de família desconhecem as amizades dos próprios filhos. Portanto, o diálogo franco é fundamental neste sentido. A criança necessita de afeto e carinho.

ZC – Por que os pais não admitem publicamente o erro dos filhos. Como foi o caso dos garotos cariocas?
IS – Sentimento de culpa. Entretanto, primeiro devemos ouvi-los. Não basta julga-los Cada família tem seu perfil, sua estrutura. Penso que, na maioria dos casos, jovens comentem atos ilícitos devido ao uso de drogas. E isso serve como atenuante para os pais, que dizem: meu filho não é assim, ele está assim. Creio que não adianta culpar o adolescente, mas mostrar onde foi que ele errou. Sem dúvida, isso contribui na sua reflexão diante do ato cometido. Por outro lado, um pouco de autocrítica por parte dos pais também é muito importante nestes casos.

ZC – Na maioria dos casos os agressores pertencem à classe média alta. Por quê?
IS – Não acredito que seja uma regra. Embora, em determinadas situações, a violência acontece devido à sensação de poder, que, por sua vez, está intimamente ligada à questão financeira. Se o jovem tem todas as condições a seu favor ele pensa que tem o domínio sobre outro considerado “menor” no seu entendimento.

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